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Com Tom Zé

Fui convidado a tocar na abertura do show que Tom Zé fará em Belo Horizonte no Grande Teatro do Palácio das Artes na próxima quarta, dia 25 de março. 

A última apresentação que assisti do baiano foi em São Paulo três anos atrás quando ele lançava o sarcástico Estudando o Pagode. Naquela ocasião escrevi: “Mais afiado e lúcido do que nunca, Tom Zé pensa e faz pensar a cultura brasileira, levanta bandeiras que hasteadas por qualquer outro soariam panfletárias. Ele no entanto escapa ileso com seu humor irônico e sua sutileza perspicaz. Me lembrei de Jello Biafra, do Dead Kennedys pela sagacidade e acidez crítica. Me lembrei também de Denise Stoklos. Sei que poucos artistas me deram a impressão de domínio tão completo do palco, o êxtase,  a contenção, o improviso e a precisão cirúrgica do corte no momento certo!”. Subscrevo! 

Depois disso o redivivo tropicalista já rodou o mundo, lançou mais dois discos indispensáveis e passou a escrever frequentemente num blogue: tomze.blog.uol.com.br

Aqui Tom Zé vai apresentar as canções de seu mais recente trabalho, “Estudando a Bossa – Nordeste Plaza”, o didático (todo disco de Tom Zé tem algum ensinamento escolástico) e delicioso disco em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova. 

Tocar antes de um senhor de 72 que tem lugar de destaque na história da cultura brasileira não é tarefa fácil. Principalmente quando esse sujeito é uma de suas principais referências! 

Seja como for, faz tempo que não me encontro com o marido de Dona Neusa e vai ser ótimo re-encontrá-lo nesta situação: provavelmente durante a passagem de som. Não combinamos nada e acho improvável que tenhamos tempo para ensaiar alguma coisa juntos. Mas quem sabe?

Por determinação contratual não poderei levar minha banda. Sendo assim me apresento em formato acústico e reduzido: Guilherme Castro na viola e no violão de aço e Rafael Azevedo no violão de aço e no baixolão. No repertório algumas coisas do Autófago e outras que devem entrar no próximo disco, Cavalo-Motor, previsto para 2010.

Deixo aqui três dicas à queima-roupa:

Nave Maria, lançado pela RGE em 1984, seria o último disco por uma grande gravadora e é o prenúncio do ostracismo, que se arrastaria por todos os anos oitenta até o advento de David Byrne. É um disco seminal, um dos meus preferidos. Infelizmente menosprezado pela crítica e desconhecido do público.

Tropicalista lenta luta, o livro memória-crônica-entrevista-depoimento lançado pela Publifolha em 2003. Fica na minha estante ao lado de “Os Últimos Dias de Paupéria” do Torquato e “Verdade Tropical” do Caetano. É um equilíbrio instável…

Fabricando Tom Zé, documentário dirigido por Décio Matos Jr. durante a turnê européia de 2005, mistura formatos (película, video, animação) e formas (entrevistas, imagens de shows, bastidores, processo criativo) para tentar dar conta da diversidade do documentado. Entre vaias e aplausos, mea-culpa e desabafos, a cena em que o iraraense dá um esporro no técnico durante a passagem de som no Festival de Montreux, na Suíça, é antológica!

Mais informações aqui.

Ouvi dizer que os ingressos estavam se esgotando!

Postado em 24/03/2009 Blog!

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Sobre o autor

Makely Ka (Valença do Piauí, 1975) é um poeta cantor, instrumentista, produtor cultural e compositor brasileiro. Makely é poeta, compositor e agitador cultural. Atuando em diversas áreas como a música, a poesia e o vídeo. Incorpora à sua produção artística um componente crítico e reflexivo. Autodidata, desenvolveu uma poética musical própria, amalgamando elementos da trova e do aboio de herança ibérica às novas linguagens sonoras urbanas como o rap, do despojamento da poesia marginal ao rigor formal da poesia concreta.

(20) respostas

  1. Andréa
    24/03/2009 de 10:05 · Responder

    estudando tom zé! sempre vale, muito!
    perdi o ccbb! tô na reta final do mestrado e tá difícil conciliar outras coisas!!
    beijos e joga duro!

  2. makely
    24/03/2009 de 14:20 · Responder

    Pois é Andréa, senti sua falta. Já estava combinado com a produção a liberação do fotógrafo. Boa sorte aí na tese, nos falamos!
    Beijos

  3. .ludmila ribeiro.
    24/03/2009 de 17:17 · Responder

    eu já tenho o meu convite!

  4. E!
    24/03/2009 de 18:56 · Responder

    Ah se eu tivesse em BH! Fica aquele abraço carinhoso e com inveja dessa tão sonhada passagem de som!

  5. Larissa Santiago
    24/03/2009 de 23:05 · Responder

    foi muito bom aqui em Salvador!
    Tom Zé é de arrepiar. Bom show pra vocês de BH

  6. crica
    24/03/2009 de 23:30 · Responder

    Eita que deve ser um tesão da porra abrir um show de Tom Zé, hein?

  7. Anonymous
    25/03/2009 de 09:34 · Responder

    Um dia iluminado para você meu amigo!
    E capricha no visu ! Elegante como suas musicas, hem!!! Até, beijo.

    Águeda Couto.

  8. Dani Morreale Diniz
    25/03/2009 de 10:37 · Responder

    Será que eu vou?! Será que eu vou?! Será que eu vou?!

  9. Renato
    25/03/2009 de 19:01 · Responder

    é daqui a pouco, e estou ansioso para o encontro, vamu lá maka!

  10. Anonymous
    26/03/2009 de 03:03 · Responder

    prazer… sou Lucas
    acabei de chegar do show… não conheci esse “belorizontino” chamado makely ka
    fui pra ver tom zé… e adorei o show de abertura (tanto que a primeira coisa que fiz foi busca-lo na net)
    parabéns.. adorei seu trabalho, adorei as músicas, adorei o show
    aguardo o próximo

  11. Júlia Tavares
    26/03/2009 de 21:22 · Responder

    Não pude ir, mas fontes seguras já me informaram que seu show foi bastante longo – e sensacional. Parabéns, vice?
    Beijos!!

  12. Alfredo
    26/03/2009 de 22:43 · Responder

    Me surpreendi com a qualidade do show! Um excelente trabalho!!

    abraço!

  13. Getúlio Maia
    26/03/2009 de 22:48 · Responder

    Mandou bem, Makely.
    Bacana que o Tom Zé te deu um tempo legal de exposição.
    Continuaremos na sua cola:
    fruição do que há de bom nesta Minas.
    ps-> me diga onde encontrar a letra do repente "Artista você não é": chique!

  14. Renato Villaça
    27/03/2009 de 12:54 · Responder

    Aê!

    Apesar do arranjo gypsikínguico, gostei. Valeu, né? O público gostou bastante.
    E adorei o rafael macedo.
    RARARA!!!

    Abraço.

  15. .ludmila ribeiro.
    27/03/2009 de 20:44 · Responder

    ganhou o palácio inteiro!
    foi demais. como sempre é.
    bom que mais gente conheceu.
    beijo!

  16. makely
    30/03/2009 de 23:26 · Responder

    E!, Larissa, Crica, Águeda, Renato e Dani, valeu pela torcida. No final deu tudo certo!

    Lucas, Alfredo e Getúlio, fico feliz que vocês tenham gostado. Sejam bem-vindos e mantenham contato: makely@yahoo.com.br

    Villaça meu caro, o que você tem contra os ciganos? Não conte pro Rafa, mas foi de sacanagem!

    Lud, o palácio aquela noite foi tomado pelos plebeus! Beijo

  17. makely
    30/03/2009 de 23:28 · Responder

    Júlia minha cara, não confie nos informantes. Da próxima vá conferir com os próprios olhos! Beijos

  18. Talma
    02/04/2009 de 08:29 · Responder

    Ó Graças!!!
    que encontrei em Minas uma pessoa que “afirma” que artista não é…e eu repito seu refrão
    ___artista você não é não!!!!

    lindamente ditas e conduzidas em tão pouco tempo e recursos suas palavras…

    com Tom Zé pela frente , Luiz Tatit pelos lados , Wally Salomão pelo alto(por minha conta)…quero te ouvir mais sim!

    até então
    abraços.

  19. Rafael AZEVEDO
    11/04/2009 de 12:25 · Responder

    Makely, seu idiota.

  20. makely
    19/04/2009 de 18:22 · Responder

    Oi Talma,
    Apareça por aqui de vez em quando que você fica sabendo quando tem shows!

    Rafael, prometo te apresentar como Azevedo no próximo…

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