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Preâmbulo

Uma dos temas que perpassa todo o “Grande Sertão: Veredas” é a existência ou não do diabo. Riobaldo faz o pacto para derrotar o Hermógenes, mas não tem certeza se o acordo foi firmado, tem dúvidas sobre o contrato com “o que não se diz”.

Pois bem, me programei para sair no dia treze de julho, uma sexta-feira, e a situação foi ganhando contornos absurdos tornando o adiamento inevitável. Primeiro de ordem burocrática: duas peças importadas da Alemanha, um cubo-dínamo e um regulador de tensão, foram confiscados pela Receita Federal. É uma situação inusitada porque o sistema de controle é aleatório, escolhem um lote qualquer e para meu azar foi justamente esse o premiado. O equipamento deveria ter chegado uma semana antes da viagem para eu montar e fazer os testes. A retenção me obrigou a negociar com o importador de Santa Catarina o envio de outra encomenda, torcendo para não ser sorteado novamente. A encomenda chegou finalmente no dia treze pela manhã e fui imediatamente para a oficina montar o equipamento. Problemas com o enraiamento do cubo, maior e mais pesado, e a finalização do serviço ficou para o sábado pela manhã, data do primeiro adiamento. Acontece que sábado pela manhã a oficina não abriu, como havia sido combinado. Dois telefonemas depois fico sabendo, estarrecido, que Hilário, o mecânico com quem eu vinha trabalhando há três meses na montagem da bicicleta havia sido esfaqueado na noite de sexta e estava internado na UTI. Será o demo espreitando? Agora ele está fora de perigo, mas o susto foi grande. O resultado da tragédia foi que a bicicleta ficou presa na oficina todo o final de semana e o outro mecânico que foi enviado para substituir o Hilário, o Divino, chegou somente na segunda à tarde.

Equipamentos montados, fiz os testes e os últimos ajustes, tudo pronto. Saí finalmente na terça-feira, dia 17, meu arcano e número da sorte.

Postado em 20/07/2012 Cavalo Motor

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Sobre o autor

Makely Ka (Valença do Piauí, 1975) é um poeta cantor, instrumentista, produtor cultural e compositor brasileiro. Makely é poeta, compositor e agitador cultural. Atuando em diversas áreas como a música, a poesia e o vídeo. Incorpora à sua produção artística um componente crítico e reflexivo. Autodidata, desenvolveu uma poética musical própria, amalgamando elementos da trova e do aboio de herança ibérica às novas linguagens sonoras urbanas como o rap, do despojamento da poesia marginal ao rigor formal da poesia concreta.

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