No final eu resolvi excluir dessa lista todos os trabalhos nos quais tenho alguma participação direta, seja como produtor, como compositor ou intérprete. Assim a lista fica mais isenta, apesar de eu ter uma relação pessoal com muitos dos artistas que eu listo. Essa decisão acabou me motivando a preparar um poste com todas as minhas canções gravadas por outros intérpretes. Assim que eu conseguir organizar tudo, escanear todas as capas e converter todos os arquivos para disponibilizar aqui eu publico. Prometo fazer isso ainda antes do carnaval.
Segue o Top 13:
O Circo Singular – Patrícia Polayne
www.myspace.com/patriciapolayne
O CD de estréia dessa cantora e compositora sergipana é resultado do prêmio no Projeto Pixinguinha e vem consolidar uma trajetória de 15 anos. Durante esse tempo Patrícia rodou o país com uma trupe de palhaços, fez diversos parceiros, participou de projetos coletivos e, mais do que isso, depurou seu canto e aperfeiçou seu talento como compositora. É uma das artistas mais maduras e talentosas de sua geração, mesclando elementos da tradição oral e popular com referências urbanas contemporâneas. Depois de muitos anos sem notícias reencontrei Patrícia exuberante num dos palcos off da Feira Música Brasil, em dezembro último no Recife. O que posso dizer é que os anos fizeram muito bem a ela. Quem esteve presente pode confirmar!
Balangandãs – Na Ozzetti
www.myspace.com/naozzetti
Na Ozzetti é hoje uma das maiores cantoras do país, certamente a mais criteriosa. Nesse disco onde visita o repertório da Pequena Notável, referência maior da paulista que surgiu no Grupo Rumo, temos uma mostra da possibilidade de releitura com assinatura pessoal. É prova também da capacidade de um artista sobreviver do seu trabalho com dignidade, sem fazer concessões ao grande mercado. Com 25 anos de carreira Ná prova mais uma vez que isso é possível e aponta um caminho para as novas gerações.
Bem me quer mal me quer – Érika Machado
Érika é a artista mais versátil da sua geração. Canta, toca, compõe, produz, cria a identidade visual do CD, do site, do cenário e, como se não bastasse, consegue ser boa em tudo o que faz. O seu segundo disco confirma as expectativas criadas a partir de sua estréia, com o premiado “No Cimento”. Érika está mais melancólica, mais triste, sem no entanto perder a capacidade de enxergar o mundo à sua volta por um prisma único e peculiar. Musicalmente mais elaborada, graças às parcerias com Cecília Silveira, Érika é o exemplo mais bem acabado da autogestão de uma carreira contraindustrial.
Bom Todo – Zabé da Loca
Com mais de 70 anos de carreira, a virtuosa tocadora de pífanos Zabé da Loca chega ao segundo CD, com competente produção musical de Carlos Malta. É uma mostra vigorosa do Brasil profundo, com suas idiosincrasias e sua capacidade de se superar com criatividade e perseverança. Impossível separar o trabalho artístico da vida propriamente dita: uma mulher que viveu com seus filhos por 25 anos em uma caverna, por necessidade, no sertão da Paraíba e fez do seu pife uma forma de resistência alegre deve ser ouvida com outros olhos.
Na Boca dos Outros – Kiko Dinucci
Kiko é, para mim, o compositor mais completo da cena paulistana, o que não é pouco. Seguindo a linha evolutiva do samba de Adoniram Barbosa e agregando outros elementos, principalmente os de matriz africana, ele consegue apresentar um equilíbrio raro entre a crônica urbana e a informação musical nova impressionante. Ótimo letrista e melodista inspirado, é um prato cheio para intérpretes em busca de repertório.
Tem Juízo mas não Usa – Lula Queiroga
Lula Queiroga é, há alguns anos, uma espécie de eminência parda na música brasileira contemporânea. Referência obrigatória da cena pernambucana desde os anos 70, é mais conhecido pelas parcerias com Pedro Luís e principalmente Lenine, que já ganharam a voz de Elba Ramalho, Roberta Sá, Marina Machado e até Milton Nascimento. Mas Lula é um criador completo e inquieto, como prova esse seu terceiro disco solo, onde o letrista está mais afiado do que nunca.
Outro Sentido – António Zambujo
www.myspace.com/antoniozambujo
Ouvi António Zambujo pela primeira vez na casa de fados Senhor Vinho, em Lisboa, cerca de três anos atrás. Fiquei profundamente impressionado com a delicadeza, a elegância e a sofisticação de seu canto. Desconfiei logo que a música brasileira era referência fundamental na sua formação. Depois Caetano declarou que se João Gilberto cantasse fados soaria como António, e o Brasil começou então a ouvir falar do gajo. Este ano seu terceiro disco foi lançado aqui e vale à pena conferir, inclusive porque somente a edição brasileira contém um belo dueto com a cantora potiguar radicada no Rio de Janeiro Roberta Sá.
Sem Nostalgia – Lucas Santana
Lucas Santana é um sujeito tranqüilo e inquieto. É baiano. Mas mora no Rio. Conheci pessoalmente em Recife há alguns dias, mas acompanho o excelente blogue/site dele há muito tempo. Nesse disco ele subverte a noção de gravação. É basicamente um disco de violão e voz. Mas definitivamente não se parece com um disco de violão e voz, graças às ambientações, aos recortes, às técnicas não-convencionais de captar e processar o som do violão e da voz. Só ouvindo pra entender.
Atlântico Negro – Wado
Wado nasceu em Santa Catarina, mas vive em Alagoas. Esse é mais um dos seus discos conceituais. Dessa vez inspirado nas idéias do sociólogo inglês Paul Gilroy. Ele mistura funk carioca, afoxés baianos, ciranda pernambucana e outras referências de matriz africana re-elaborados, numa ponte transatlântica sem preconceitos e com critério que representa o próprio fluxo e as trocas culturais entre América, África, Europa e Caribe. Esse cara é nosso contemporâneo!
Tudo que respira quer comer – Carlos Careqa
www.myspace.com/carloscareqa
Carlos Careqa é curitibano e vive em São Paulo. É um dos artistas mais irreverentes que eu conheço. Crítico mordaz da indústria, da contra-indústria, dos mecenatos, dos independentes, da própria atividade e, como não poderia deixar, dele mesmo. Mas tudo com um humor muito perspicaz e sarcástico. Já vi Careqa expulsar do teatro, com a categoria de um Leão de Chácara e sem usar as mãos, um mala que estava incomodando todo mundo com gritos e comentários inconvenientes durante sua apresentação. A performance enérgica e furiosa foi tão convincente que o cara saiu pianinho e todos puderam assistir ao show tranquilamente. Enfim, o cara é diversão garantida. O disco conta ainda com participações luxuosas de Juliana Perdigão, Mônica Salmaso, Maria Alcina, Marcelo Pretto e do saudoso Zé Rodrix, no seu provavelmente último registro em disco!
O Chão sem o Chão – Rômulo Fróes
Rômulo Frões é um roqueiro que gosta de Nelson Cavaquinho. Ou então é um sambista que ouve The Clash. Ele me mandou seu disco duplo e eu recebi o tijolo ansioso pra confirmar ou desmentir o que eu já vinha ouvindo nas matérias ou nas suas próprias entrevistas. Já era fã desde que ouvi Cão. Este é de digestão mais lenta, exige mais disposição. Mas confirmou a expectativa de um artista em progressão!
Senóide – Axial
O Axial é um trabalho iniciado pela cantora e compositora Sandra Ximenes e pelo multi-instrumentista e compositor Felipe Julian. Com o passar do tempo eles foram agregando outros parceiros musicais, como o Leonardo Correa. Música eletroacústica, pesquisa de tradições populares e poesia contemporânea. Ou então música autoral, orikis yorubás, romance medieval e vodus do Haiti. Mas nada disso é gratuito. O trabalho que fazem de texturização sonora é impressionante. Eles criam soundscapes, malhas e ambientações tão delicadas e ao mesmo tempo tão pungentes que fazem acreditar que a música digital é orgânica.
Do Oiapoque a Nova York – Renegado
Renegado representa a possibilidade de renovação do rap brasileiro. O fato de ser da periferia de Belo Horizonte diz muito sobre esse fato. Da incorporação de ritmos regionais como o congo e o moçambique às influências caribenhas, como a cumbia colombiana e a rabanera cubana, ele cria uma malha sonora complexa para destilar uma poesia contundente e provocadora. O resultado é instigante, bom de dançar e de ouvir. Crítico sem cair no lugar comum do discurso ortodoxo e vazio do gangsta por exemplo, pop sem descambar para o pueril e alienado, Renegado segue a seu modo os princípios básicos da cultura hip hop, equilibrando-se no fio da navalha!
fí, q boa ação essa lista sua!
🙂
to me deliciando aqui com tanta coisa desconhecida pelos meus ouvidos!
olha, o resto ainda to ouvire cuidadosamente, mas zabé da loca já entrou no coração! que maravilha é essa?!? que preciosidade!
valeu 🙂 to a espera da outra.
Oi Luiz, legal o que ela escreveu. Não rola de abrir um espaço pra comentários?
Oi Mary, que bom que você gostou. E eu fiquei na pilha de ver o show da Dona Zabé em Recife e foi cancelado na últim hora! Uma pena…
Beijos
faltou 'moira'da maisa moura! né,não??! ou não é de 2009?
Oi Andréa, o disco da Maísa foi lançado em 2009, mas eu resolvi deixar de fora da lista todos os trabalhos nos quais eu tenho algum tipo de envolvimento direto. Neste caso, além de ter produzido, há cinco canções minhas. Para estes casos estou fazendo uma lista dos discos com canções minhas gravadas por outros intérpretes. Vou incluir também um player para que elas possam ser ouvidas. Beijos
Makako,
acho que tá na hora de fazer uma lista dos 10 piores – quem não tem talento que tenha publicidade!
moira é um dos melhores discos de cantoras que ouvi nos últimos tempos!!! um deleite!!!
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