Makely nasceu em Valença do Piauí no ano de 1975. Primeiro de cinco irmãos, mestiço de árabe, negro, índio e português, filho de mãe mineira e pai nordestino, com menos de três anos foi com a família para o interior de Minas Gerais, onde viveu até o início da adolescência. Na metalúrgica Barão de Cocais começou a se interessar pela música, ouvindo através do pai os aboios e as histórias de vaqueiros e aprendendo os primeiros acordes de violão com o seu tio Paulo. Foi através do tio materno que estabeleceu também os primeiros contatos com outras linguagens artísticas como a pintura, o desenho, a escultura e, principalmente, a literatura: filosofia e textos sagrados. Nietzsche, o Mahabarata, Freud, o Ptah-Hotep, Marx, a Bíblia. Nessa fase leu também muito quadrinho da gibiteca fabulosa do tio.
Seguiu para Belo Horizonte antes de completar os 15 anos para cursar Eletrônica Industrial no CEFET, antiga Escola Técnica. Na capital do estado começou a freqüentar o circuito alternativo, acompanhando os shows e eventos culturais da cidade. Começou a ler poesia e mergulhou de cabeça na Beat Generation. Nesse período descobriu também o prazer das viagens, aproveitando os finais de semana e feriados prolongados para conhecer as diversas regiões do estado, sempre de carona, no melhor estilo On the Road. Foi também a época da primeira Bienal de Poesia e dos primeiros grandes shows com o BH Rock Independente na Praça da Estação.
Terminou o curso técnico e foi fazer estágio na Cia. Vale do Rio Doce, onde trabalhou por quase dois anos na área de automação industrial e telecomunicações. Nesse período morou em Mariana e começou a freqüentar o Festival de Inverno da UFMG, que acontecia em Ouro Preto. Conhece o poeta marginal e performer Renato Negrão. Vem dessa época o interesse pelos movimentos de vanguarda do início do século XX. Dos poetas beats chega a Blake, Rimbaud e Lautréamont.
Saiu da Vale para prestar vestibular, iniciando um curso de Geologia e outro de Física, até optar pela Filosofia, ao mesmo tempo em que se aproxima do teatro e da performance. Realizou também nesse período vários vídeos experimentais e montou uma rádio livre que transmitia clandestinamente de um casarão histórico no centro de Ouro Preto. A abertura de um dos programas semanais era feita ritualísticamente com a leitura do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade. Nessa época era um discípulo aplicado dos concretos e ouvia muito punk rock e música eletro-acústica. Assiste a um show solo do compositor baiano Tom Zé, na Casa da Ópera de Ouro Preto, que definiria sua opção artística dali em diante.
Durante o curso de filosofia aprofunda seu interesse pelo estudo de mitologia grega e desenvolve a pesquisa de Iniciação Científica “Da Grécia Arcaica ao Sertão Mineiro” através do CNPq, onde faz um estudo comparativo entre a obra de Homero e Guimarães Rosa. Começa a estudar grego antigo. Nesse mesmo período se envolve com política estudantil e funda o Centro Acadêmico do Curso de Filosofia, realizando diversos saraus e incitando greves na Universidade Federal de Ouro Preto.
Em 1998 lança seu primeiro livro de poemas, “Objeto Livro”. O caráter inovador e iconoclasta do livro rende uma calorosa acolhida no meio cultural e as primeiras críticas na imprensa. Participa de diversos saraus e eventos culturais. No mesmo ano de lançamento de seu primeiro livro parte numa viagem pelo Norte e Nordeste do país. Leva na bagagem seu violão , duas dúzias de canções e quase nenhum dinheiro. Volta quase seis meses depois mais moreno e com saudades do Brasil. Depois dessa viagem decide fazer uma imersão na obra dos grandes intérpretes do Brasil e destrincha “Casa Grande e Senzala”, “Raízes do Brasil” e “Os Sertões”.
Pede transferência para a Universidade Federal de Minas Gerais e se muda novamente para Belo Horizonte. Na capital começa a trabalhar como assistente de direção do videoartista Chico de Paula, seu antigo professor nas oficinas dos Festivais de Inverno em Ouro Preto. Nessa época pensava em se tornar videoartista mas depois de um show do compositor Itamar Assumpção decide viver de música. Monta em seguida uma banda para executar suas canções e se apresenta em diversas cidades do interior do estado. O grupo, que chegou a ter 11 integrantes, entre eles o DJ e produtor musical Lucas Miranda, mais conhecido como Osciloide, as percussionistas Alcione Oliveira e Daniela Ramos e a cantora Sílvia Gommes, alternava performances musicais e poéticas com grandes doses de improvisação e experimentalismo. Foi o período em que mergulhou no cubo-futurismo russo e incorporou o Ka ao seu nome em homenagem ao poeta Velimir Khlébnikov.
No bairro Paraíso, zona leste de Belo Horizonte, divide uma casa com outros artistas em início de carreira, entre eles o poeta Renato Negrão, o cineasta Sérgio Borges, o músico Kristoff Silva, a atriz e arteducadora Eva Queiróz e o performer e capoeira Daniel Costa. O espaço se torna uma referência na cidade, virando palco de shows, performances, instalações e eventos por quase dois anos. Nesse período inicia uma parceria musical com a cantora Cristina Brasil e conhece o escritor e compositor Jorge Mautner e os poetas Chacal e Nicolas Behr.
Realiza em 1999 o “Tributo a Paulo Leminski” que conta com a presença dos poetas Alice Ruiz, Carlos e Afonso Ávila. Na ocasião conhece Estrela Leminski, que se tornaria sua parceira.
Conhece a cantora Maísa Moura com quem inicia uma longa e frutífera parceria musical. Ao seu lado parte em turnê pelo Nordeste, levando um disco demonstrativo na bagagem. O convívio desperta seu interesse pela Antropologia, que marcaria uma mudança radical na sua concepção artística no futuro.
Nesse período dá aulas de literatura e filosofia em cursos pré-vestibulares e coordena atividades culturais na Casa do Movimento Popular de Contagem. Apresenta ainda um programa semanal na Abóboras FM, rádio comunitária da região metropolitana de Belo Horizonte.
A cantora Alda Rezende grava e lança em 2001 suas primeiras canções no álbum “Samba Solto”. São três composições, inclusive a que dá nome ao disco. A partir daí seria gravado por outras dezenas de intérpretes como Lô Borges, Samuel Rosa, Titane, José Miguel Wisnik, Ná Ozzetti, Carol Saboya, Aline Calixto, Regina Souza, Mariana Nunes, Leopoldina, Júlia Ribas, Elisa Paraíso, Flavia Enne, Noriko Yamamoto, Ana Paula da Silva, Carol Ladeira, Dani Gurgel, Juliana Perdigão, Paula Santoro, Irene Bertachinni e Laura Lopes entre outros.
Inicia nesse ano as articulações para a realização do Reciclo Geral – Mostra de Composições Inéditas. O evento realizado em 2002 faz história e se torna um marco na trajetória recente da música mineira, com a estreia oficial de vários artistas que hoje atuam na cena como Érika Machado, Mariana Nunes, Rodrigo Torino, Leopoldina Azevedo, Rafael Macedo, Silvia Gommes, entre outros.
Nessa época o curso de filosofia já agonizava e o golpe de misericórdia foi uma turnê pelo interior de São Paulo, impossibilitando definitivamente a conciliação da carreira artística com as atividades acadêmicas. Decide definitivamente se tornar um não-especialista e estudar somente e tudo aquilo que o interessa.
Cria a Selo Editorial e edita mais de vinte livros de poemas, contos, ensaios e memórias de diversos escritores.
Em 2002 grava ao lado dos parceiros Kristoff Silva e Pablo Castro o disco “A Outra Cidade”, com a participação de mais de 70 músicos da cena cultural mineira. O álbum-manifesto se torna uma referência para as gerações posteriores. Realiza ao lado dos parceiros diversos shows para divulgar o disco, incluindo várias cidades do interior de Minas pelo Circuito Telemig Celular. Participam também nesse período do projeto Prata da Casa no Sesc Pompéia em São Paulo.
Publica em 2003 seu segundo livro de poemas, Ego Excêntrico, acompanhado do CD Poemas de Ouvido. O livro é lançado em Belo Horizonte durante três dias de debates, shows e apresentações. Nesse período já conta com diversos artigos e poemas publicados em jornais e revistas do país.
Assume nesse mesmo ano a direção musical da casa de shows Reciclo Asmare Cultural, onde realiza diversos projetos.
Lança em 2006 o álbum Danaide, ao lado da cantora Maisa Moura, somente com suas canções interpretadas por ela. Com o disco realizam uma série de shows em Curitiba, São Paulo, Salvador, Recife e Fortaleza. O álbum é reconhecido pelo público e pela crítica como um dos trabalhos mais originais da cena mineira.
Nesse ano nasce seu primeiro filho, Moreno, fruto da relação com a cantora Maísa Mora.
Começa a ser requisitado por outros músicos e inicia parcerias com diversos compositores. A partir de então se tornaria parceiro de muitos artistas, entre eles Lô Borges, Chico Saraiva, Leoni, Mário Sève, Flávio Henrique, André Mehmari, Estrela Leminski, Flávio Renegado, Natan Marques, Leo Minax, Kiko Klaus, Marku Ribas, Ná Ozzetti, Pedro Carneiro, Chico Amaral, Mestre Jonas e Benji Kaplan entre outros.
Ainda em 2006, em enquete realizada pelo jornal Estado de Minas é eleito o letrista mais representativo da sua geração. Toca no festival Pre-Amp, na Rua da Moeda durante o pré-carnaval de Recife. Participa também do projeto Música Independente, com show gravado no Teatro João Sechiatti para a Rede Minas de TV.
Ao lado do parceiro Bruno Brum começa a editar um periódico de poesia Revista de Autofagia, que traz referência explícita à publicação modernista editada na década de 20 por Oswald de Andrade. Lançam três edições, entre 2006 e 2010, publicando dezenas de poetas, ensaístas, fotógrafos, ilustradores, tradutores, etc.
Faz a direção artística e a curadoria do Expresso Melodia, um projeto da Fundação Clóvis Salgado que circula pelo interior do estado de Minas realizando shows num caminhão-palco. Percorre durante seis meses mais de quarenta cidades.
Começa a se envolver com as discussões sobre políticas públicas para a cultura e é eleito representante do estado para as Câmaras Setoriais do Ministério da Cultura no início da gestão de Gilberto Gil. Nesse mesmo ano de 2005 participa da fundação do Fórum Nacional da Música com representantes de 17 estados brasileiros.
Funda em 2007 a COMUM – Cooperativa da Música de Minas ao lado das produtoras culturais Lailah Gouvêa, Luiza Barcelos, Flávia Mafra, do compositor Maurício Ribeiro, da jornalista Ludmila Ribeiro, da historiadora Tatiana Dias, entre outros. Atua como presidente por quatro anos. Viaja o país inteiro levando o germe do cooperativismo e da contra-indústria, ajudando a implantar cooperativas na Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Pará, Acre e Espírito Santo.
Primeira viagem à Europa em outubro desse mesmo ano para participar de uma feira de música, quando conhece as casas de fado em Lisboa e as tabernas de Flamenco em Sevilha. Entra em contato com os galegos, no norte da Espanha, que se tornariam parceiros e alimentariam seu interesse pelos trovadores medievais.
Lança em 2008 Autófago, seu primeiro disco solo produzido pelo parceiro Renato Villaça, realiza shows pelo Brasil e excursiona pela primeira vez por Portugal. O álbum é considerado pela crítica um dos melhores discos de “roque brasileiro”. Com pegada roqueira, ritmos nordestinos e discurso afiado traz trechos de depoimentos de Glauber Rocha, Sub-comandante Marcos e Maiakóvski, entre outros. Em São Paulo participa da Mostra Contemporânea de Arte Mineira, no Sesc Pompéia. No Rio toca no Centro Cultural Carioca e no Cinematheque. Em Brasília participa do projeto “Caminhos Poéticos da Canção” no CCBB. Em Fortaleza toca na programação da Feira da Música. Toca ainda no Teatro do Tempo em Portimão, sul de Portugal.
Participa nesse mesmo ano da criação do Fórum da Música de Minas, ao lado de Márcio Borges, Rose Pidner, Sérgio Santos, Weber Lopes entre outros artistas e produtores culturais. Atua como articulador político e gestor de ação internacional. Participa de atividades em Nova York (EUA), Copenhague (Dinamarca), Barcelona, Sevilha e Pontevedra (Espanha), Bogotá (Colômbia) e Buenos Aires (Argentina) entre outras cidades.
Em 2010 nascem seus filhos gêmeos, Ian e Nuno, frutos de sua relação com a produtora cultural Lailah Gouvêa.
Em 2011 desenvolve um aplicativo para móbiles e realiza uma turnê nacional de lançamento com shows em Salvador, Maceió, Natal, Recife, Rio Branco, Cuiabá, São Paulo e Rio de Janeiro. Faz shows também na Cidade do México, além de Copenhague e Lisboa. Além disso assinou as letras das “Canções para Voz e Quarteto de Cordas” com música de Kristoff Silva apresentada pelo Quarteto de Cordas da OSESP e posteriormente lançada em CD (2016).
Ainda em 2011 faz sua primeira turnê no México, onde participa do Ollin Kan – Festival de Músicas de Resistência. Se apresenta ao lado do artista português Custódio Castelo.
Em 2012 realiza a expedição “Cavalo Motor pelo Grande Sertão”, quando percorre de bicicleta os caminhos do personagem Riobaldo Tatarana no romance “Grande Sertão: Veredas”, do escritor João Guimarães Rosa, para registrar em gravações de áudio, vídeo e fotos as paisagens sonoras e visuais que vão integrar o disco e o show Cavalo Motor. O percurso compreendeu 1.680 Km e pôde ser acompanhado em tempo real através de ferramentas de geolocalização espacial no seu site. O disco resultante da expedição tem participação de Arto Lindsay, Suzana Salles, Maísa Moura, Sérgio Pererê e dos músicos gregos Dimitris Vasmaris e Kostas Scoulas.
É também um dos selecionados para se apresentar na edição 2012 da WOMEX – World Music Expo, a maior feira de música independente do mundo, realizada em Tessalônica na Grécia.
Neste mesmo ano é eleito representante do setor musical para o Conselho Estadual de Cultura do Estado Minas Gerais.
Em 2013 é selecionado pela Natura Musical e recebe o patrocínio da empresa para finalizar seu novo disco e realizar uma série de shows de lançamento. Realiza também nesse ano uma turnê com diversos concertos na Lituânia (Vilnius e Kaunas) e Grécia (Ilha de Creta), com grande sucesso de público e da crítica. Inaugura uma exposição com fotos, mapas e vídeos no Museu Casa Guimarães Rosa em Cordisburgo que fica aberta para visitação durante um ano.
Em 2014 realiza shows de lançamento do disco Cavalo Motor com participações de José Miguel Wisnik, Ná Ozzetti e Suzana Salles em São Paulo (Sesc Pompéia, Sesc Belenzinho, Sesc Araraquara) e no Rio de Janeiro (Teatro Solar de Botafogo), além de diversas cidades do interior de Minas como Uberlândia, Ouro Branco, Juiz de Fora, Itabira e Cordisburgo.
Ainda em 2014 compôs, ao lado de Rafael Martini, a peça sinfônica em cinco movimentos “Suíte Onírica”, onde assina as letras e textos recitativos do libreto. A peça foi apresentada com a Orquestra Sinfônica, Coral Lírico de Minas Gerais e sexteto no Grande Teatro do Palácio das Artes durante o Savassi Festival no mesmo ano e novamente em 2019. Em 2016 a suíte foi gravada com a Orquestra Sinfônica da Venezuela, o Coral do Teatro Teresa Carreño e sexteto sob regência do maestro português Osvaldo Ferreira e lançada em CD e vinil, com uma edição especial lançada exclusivamente no mercado japonês.
Em 2015 realiza o show de gravação do DVD Cavalo Motor no Grande Sertão em Belo Horizonte, com participação das cantoras Ná Ozzetti, Suzana Salles e Titane e do percusionista Décio Ramos (UAKTI). Compôs ainda a música original do espetáculo teatral “Por de dentro” do Grupontapé de Teatro (Uberlândia) e publicou o livro “Retorno de Saturno” pela Coleção Leve um Livro, distribuído gratuitamente em diversos pontos de Belo Horizonte.
Ainda em 2015 o álbum Cavalo Motor foi considerado um dos melhores lançamentos do ano e recebeu o Grão da Música de melhor álbum de Música Brasileira.
Em 2015 conhece a bailarina e coreógrafa Rosa Antuña, com quem estabelece uma relação e inicia uma parceria artística em diversos projetos.
Em Budapeste, onde foi participar da WOMEX, uma feira internacional de música em 2015, conhece o luthier Nagy Balázs e adquire um tekerőlant, instrumento europeu medieval conhecido em Portugal como viela de roda. Inicia os estudos de forma autodidata buscando referências da música modal e da poesia provençal.
Nesse mesmo ano excursiona com shows e aulas-espetáculo em Istambul (Turquia) e realiza uma residência artística no Odin Teatret em Holstebro (Dinamarca).
Após uma visita à Terra Indígena do Xingu em 2015 onde participa de um Kuarup na aldeia dos Kuikuro, começa a compor as músicas de seu próximo trabalho, intitulado “Triste Entrópico”.
Em 2016 inicia a produção do documentário “Você pega o galho da esquerda e segue três léguas sem esbarrar” ao lado do diretor Cao Guimarães sobre personagens do sertão roseano no Norte e Noroeste de Minas Gerais.
Ainda em 2016 prepara o curso sobre “Tradição Oral e Música Popular Brasileira” onde aborda a relação da canção popular com os aedos gregos, trovadores provençais eos galaico-portugueses. O curso foi apresentado na Academia Mineira de Letras, onde também media encontros e debates com repentistas e rappers.
Em 2017 o show “Triste Entrópico”, apresentado no Festival de Músicas do Mundo de Sines, em Portugal, foi considerado pela crítica especializada um dos 10 melhores daquele festival, levando em conta na avaliação a originalidade e a excelência musical entre dezenas de artistas e grupos de todo o mundo: “El compositor, cantante, guitarrista brasileño Makely Ka nos trajo sus composiciones críticas y osadas. En su música, se perciben ecos del movimiento de la Antropofagia – culturas indígenas, africanas y europeas deglutidas para hacer nascer algo nuevo. Una bello descubrimiento de uno de los principales interlocutores de la escena musical en Minas Gerais”.
Em 2017 nasce sua filha caçula Lis, com a produtora cultural Bruna Toledo.
Retoma depois de muitos anos seus estudos com a viola de 10 cordas e a viola dinâmica. Começa a compor no instrumento experimentando afinações alternativas e tradicionais, inspirado em artistas como Renato Andrade, Manoel de Oliveira, Tavinho Moura, Almir Sater e Ivan Vilela, entre outros.
Em 2018 toca no Teatro da Caixa Cultural do Rio de Janeiro no projeto Transversais do Tempo dividindo o palco com a cantora e compositora paulistana Iara Rennó.
Também em 2018 idealiza e produz ao lado da Lira Cultura no Sesc Palladium a “Imersão Grande Sertão” com shows, palestras, debates, mostras de vídeo, fotografias e degustação inspirado na região Norte e Noroeste de Minas onde foi ambientado o romance “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa. Entre os convidados do eventos estão o ensaísta e compositor José Miguel Wisnik, o violeiro Paulo Freire, a líder comunitária Damiana Campos e benzedeira Dona Lili, entre outros.
Nesse mesmo ano recebeu o prêmio Simparc de Artes Cênicas de melhor trilha sonora original para o espetáculo de dança “Espelho da Lua”, da Cia Mário Nascimento.
Em 2019 compõe em parceria com Lô Borges o álbum “Dínamo”, lançado em março de 2020. Assina as letras de todas as 10 faixas do disco, inclusive a música título, cantada por Lô e Samuel Rosa.
Também em 2019 é convidado para criar a trilha sonora do filme “Dois Sertões”, de Caio Andrade e Fabiana Leite, um longa sobre a vida e a obra do cineasta baiano Geraldo Sarno.
Atualmente está finalizando a gravação de dois álbuns: o instrumental “Rio Aberto”, no qual destaca a viola de 10 cordas, viola dinâmica e craviola e “Triste Entrópico”, com canções inéditas calcadas no seu violão. Ambos compõem a Trilogia dos Sertões iniciada com “Cavalo Motor”. Estes trabalhos dialogam criativamente com as experiências etnomusicais do artista no Parque Indígena do Xingu e no arquipélago de Cabo Verde, estudos sobre a Guerra de Canudos e a obra de Euclides da Cunha, a relação do Brasil com a África, a influência da cultura ibérica e as interpretações históricas do país, desde os naturalistas do século 18 até Claude Lévi-Strauss e seu já clássico “Tristes Trópicos”. Os álbuns têm previsão de lançamento para o segundo semestres de 2020.
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