“Rio Aberto” é um show instrumental de viola. Integra a “Trilogia dos Sertões”, iniciada com o álbum “Cavalo Motor” e que deve ser finalizada com o disco “Triste Entrópico”. Este trabalho surgiu da curiosidade do artista pela sonoridade e pelas possibilidades da viola de 10 cordas, da qual se aproximou no Vale do Urucuia, no Noroeste de Minas, onde aprendeu algumas afinações alternativas como a que chamam “rio abaixo”, muito utilizada pelos violeiros daquela região. Essa afinação, também chamada de “sol aberto”, deu origem ao nome do disco: “Rio Aberto”. Todas as músicas levam nomes de rios, cursos d’água que costuram elementos da geografia, da história e da literatura brasileira, ligando por exemplo, o sertão de Guimarães Rosa aos sertões de Euclides da Cunha, passando ainda pelo universo mítico de Elomar, como também pela tragédia dos rios devastados pela mineração. São músicas experimentais, que dialogam com a tradição popular mas incorporam referências contemporâneas como a microtonalidade, a polirritmia e a pesquisa de timbres.
Ficha Técnica
Músico
Makely Ka – viola caipira, viola dinâmica, craviola e viela de roda
Equipe
Rodrigo Marçal – Técnico de Iluminação
André Cabelo – Técnico de Som
Plataformas Digitais
Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=onF_U93iDWc
Triste Entrópico é o novo trabalho solo de Makely Ka. Resultado de suas viagens e experiências nos últimos anos, incluindo convívio com indígenas, quilombolas e ribeirinhos em longas expedições pelo interior do Brasil, geralmente de bicicleta. Esse trabalho é resultado também de suas frequentes excursões por Portugal e Galícia, região ao norte da Espanha, onde reencontrou traços originários da cultura ibérica que absorvemos no Brasil no decorrer de quatro séculos. Triste Entrópico é portanto um trabalho que estabelece um diálogo profícuo com a alteridade, lançando mão e propondo simultaneamente uma visão antropológica do mundo. A proposta é uma imersão no pensamento selvagem que aqui se confrontou com a razão iluminista do europeu e com o código tribal africano. Mistura que se apresenta de forma criteriosa na arquitetura das canções, num amálgama de tradições populares e experimentações contemporâneas, artesania e invenção numa sobreposição orgânica de camadas de som e sentido. Canções como “Regresso ao Agreste”, “Extintos”, “Cheiro da Peste” e “Triste Entropia” tratam de temas urgentes e atuais de forma incisiva mas com a delicadeza e inteligência características do trabalho desenvolvido pelo artista durante sua carreira. A partir da ideia de Antropoceno – a teoria que defende a precipitação de uma nova era a partir da intervenção (nociva) do homem no planeta – as canções desse novo trabalho falam de crise, catástrofes, preconceito, intolerância, mas também apontam perspectivas e possibilidades para superar esse momento conturbado que vivemos nesse início de século. Por isso essas canções carregam em si uma disposição aguerrida para a luta, para o protesto, uma vocação para o embate, tratando de temas polêmicos como a construção de hidrelétricas, a expansão das fronteiras agrícolas, a mineração e o consumo desenfreado. As canções apontam também as injustiças, os desmandos, o genocídio brutal dos povos indígenas, dos esquecidos e apagados da história oficial com suas línguas, seus costumes e suas práticas culturais. Triste Entrópico, por fim, um trocadilho que remete diretamente ao clássico livro “Tristes Trópicos” do antropólogo francês Claude Lévy-Strauss, onde relata suas impressões sobre o Brasil; mas também ao princípio físico da entropia, conceito termodinâmico que determina o grau de irreversibilidade de um sistema e seu estado de “desordem”, é um trabalho em progresso, uma obra aberta que vai incorporando elementos. Assim é um trabalho de apropriação cultural no sentido antropofágico do termo, incorporando elementos das culturas indígenas, africanas e europeia de forma crítica e reflexiva, buscando uma síntese desse caldo de influências que se retroalimentam continuamente.
Ficha Técnica
Músicos
Makely Ka – voz, violões e craviola
Paulim Sartori – baixo e vocal
Gustavo Souza – violão e bandolim
Yuri Velasco – bateria e percussão
Equipe
Rodrigo Marçal – Técnico de Iluminação
André Cabelo – Técnico de Som
Plataformas Digitais
Soundcloud: https://soundcloud.com/makelyka
Na apresentação musical Cantorautor, Maísa Moura e Makely Ka reencontram-se nos palcos para mostrar canções que marcaram a parceria dos dois e que resultaram no álbum Danaide (2006), além de diversas colaborações nas carreiras individuais, como nos discos Moira (2009), Autófago (2008) e Cavalo Motor (2014). Somam-se a esse roteiro, canções e parcerias de Makely registradas por outros intérpretes como Ná Ozzetti, Alda Rezende, Carol Sabóia e Suzana Salles, além de inéditas que serão mostradas pela primeira vez ao público. Neste show, de caráter intimista, os parceiros quiseram explorar o lado mais melódico e harmônico do compositor que é ressaltado com muita intimidade pela sua intérprete mais frequente. Para que as canções soassem mais orgânicas, Makely e Maísa optaram pelo formato voz e violões e convidaram o músico Rafael Azevedo, que acompanha ambos em seus respectivos trabalhos solos, para integrar a parceria. Como compositor, Makely Ka promove um diálogo aberto com grandes criadores da cultura popular brasileira. Neste trabalho, especificamente, há um recorte de canções com forte influência de universos musicais muito distintos, como Guinga e Elomar, assim como Itamar Assumpção e Tavinho Moura. Urbano e rural, tonal e modal, litoral e sertão, fazendo o amálgama de escolas harmônicas e melódicas tão diferentes, as canções apresentadas apontam para uma forma muito original de renovação da tradição cancional brasileira. Maísa, por sua vez, imprime autoralidade às canções através de sua interpretação tão forte quanto delicada, conferindo a densidade necessária à poética do compositor. O espetáculo apresenta as canções da forma como surgiram, costuradas e amarradas apenas pelos violões, violas e craviolas com suas afinações e pegadas características.
Ficha Técnica
Músicos
Maísa Moura – voz
Makely Ka – voz, violões
Gustavo Souza – violão
Rodrigo Quintela – contrabaixo acústico
Equipe
Rodrigo Marçal – Técnico de Iluminação
André Cabelo – Técnico de Som
Plataformas Digitais
Spotify: https://open.spotify.com/album/21golI3y2BviQhaAn2CUS0?
Cavalo Motor é uma recriação poética e musical muito particular do sertão e surgiu a partir de uma viagem realizada pela região localizada entre o Noroeste de Minas na divisa com a Bahia e Goiás. Esses tabuleiros e chapadões, onde predomina o carrasco, vegetação simbiótica entre o cerrado e a caatinga, é paisagem recriada anteriormente no romance “Grande Sertão: Veredas” do escritor João Guimarães Rosa. Makely apresenta no show Cavalo Motor um mergulho profundo nas raízes da cultura popular brasileira, trazendo elementos da tradição popular e oral do nordeste como cocos, cirandas, trava-línguas e emboladas fundamentados em estruturas modais, com métodos modernos de construção melódica e poética a partir da incorporação de elementos do que ficou conhecido como escola harmônica mineira. Esse cruzamento de referências, que o artista resume na imagem-conceito do Sertão-Cerrado, espaço mítico geográfico de simbiose entre dois universos intercambiantes, é uma mostra da cultura brasileira revelada através de ritmos, melodias, harmonias e timbres muito característicos. Com uma formação básica de violões, violas, percussão e paisagens sonoras disparadas por MPC e sintetizador modular, e dotado de uma postura irônica anárquica, Makely mostra no palco sua pegada peculiar ao violão, uma interpretação visceral e toda sua verve crítica com muito humor e despojamento, intercalando às canções comentários e observações sempre muito contundentes sobre música, literatura, política, comportamento e acontecimentos cotidianos.
Crítica
“Uma obra de arte e sustentabilidade, conectada com uma aventura pela região do romance “Grande sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa.” Tárik de Souza
“Road movie de um eu-sertão-país-mundo complexo, matuto e cosmopolita, o Cavalo Motor é antena transmissora de imagens condensadoras em que questões atuais urgentes (íntimas, ambientais, políticas) enredam-se com temas míticos e personagens de outras eras, em carne, osso e espírito.” Maísa Moura
“Ouvir Cavalo Motor, segundo disco solo ou experimento antropológico (como queiram) do valençano-mineiro Makely Ka, é um exercício inevitável de brasilidade.” Victor Cremasco
“Cavalo Motor, de Makely Ka. Lâmina cabralina, opulência rosiana, messianismo glauberiano. Makely brutal e original. O Nordeste este ano não me foi avaro: José Inácio Vieira de Melo e Makely Ka.” Thiago Amud
“E lá vamos nós pelo labirinto do deserto, sem paredes para nos escorar. A poética de Makely se sustenta então pela sintaxe muito própria, com rimas a meio caminho entre o repente e o rap e uma profusão de referências díspares que, sobrepostas, dão novos sentidos umas às outras.” Túlio Villaça
“escutar cavalo-motor é uma experiência rara. o surdo que acorda a tempestade é o mesmo que percorre o disco compacto. aboio de vaqueiro, onde a fala, o canto, as ondas sonoras do centro do cu do mundo se fundem. o cara tem a precisão da flecha quando lançada pelo sopro da alma. sua viagem longa, torta, cada vez mais funda, através do sertão de rosa, do sertão de graça, a pé de bicicleta em algum trem, gerou uma obra rara e prima chamada cavalo-motor.” Ricardo Chacal
Ficha Técnica
Músicos
Makely Ka – voz, violões, viola e craviola
Gustavo Souza – violão
Rafael Azevedo – guitarra
Paulim Sartori – contrabaixo
Alcione Oliveira – percussão
Mateus Oliveira – bateria
Vítor Munhoz – sintetizador modular, harmônio e MPC
Equipe
Rodrigo Marçal – Técnico de Iluminação
André Cabelo – Técnico de Som
Plataformas Digitais
Spotify: https://open.spotify.com/album/0cP182cYaW5MVO7ApoXHov?
Makely Ka come a própria música em seu show
Toda guerra tem suas próprias leis, independentemente da Convenção de Genebra. É uma espécie de acordo tácito entre os combatentes no front, para guerrear com um mínimo de ordem e honra. Makely Ka não liga. Militante da atual guerrilha cultural contra as grandes corporações, músico, poeta e compositor, ele vai além dos kamikases, terroristas, desertores e faz o inimaginável em seu disco de estréia: come a própria música. “Autófago”, o show é resultado do disco homônimo gravado e lançado de forma independente pelo artista e ativista mineiro, onde ele desconstrói a sua própria autoralidade em um trabalho intertextual e irreverente. Makely Ka promove um diálogo aberto com toda uma tradição de criadores da cultura popular brasileira como Itamar Assumpção, Paulo Leminski, Jorge Mautner, Torquato Neto, Tom Zé, Waly Salomão e Jards Macalé. A base musical de violões, guitarras, baixo e bateria cede eventual espaço para a intervenção de pianos, sintetizadores, pífanos e percussão, em linguagem anárquica. O trabalho é permeado ainda por vinhetas disparadas durante o show com trechos de falas de personagens tão díspares e curiosos quanto Glauber Rocha, Subcomandante Marcos, Maiakóvski e Hugo Chávez, formando um painel complexo e instigante de referências emaranhadas por citações de mitologia grega, astronomia e genética. Makely Ka retoma o vigor no fazer poético-musical brasileiro, ultimamente esquecido e negligenciado pelos grandes meios: “Carrego no peito uma bomba atômica pronta pra explodir o planeta, por isso não se meta”, ameaça. E para quem acha que ele está blefando, basta escutar os próximos versos de “Não se Meta”. “Autófago” é um show irreverente e multifacetado, promovendo um diálogo aberto com grandes criadores da cultura popular brasileira.
Crítica
“O cantor, compositor, instrumentista e poeta Makely Ka é, sem dúvida, nome de destaque nessa nova cena. Seu mais recente álbum – “Autófago” – é um bom exemplo de como os paideumas da Tropicália e da Vanguarda Paulistana foram relidos e ampliados em uma poética doce-amarga dylan-leminskiana sobre base ruído-lírica entre samplers e microfonias. Em um primeiro momento, ao ouvir o CD-suporte, como Makely designa no minimanifesto “abpd a pqp”, o que surge em primeiro plano é o trabalho poético com o texto: rimas enviesadas (males / maxilares; tenso / sonso; crítico / prático; vítima / síndico; santo / cancro; crédito / médico; fibra / diga, etc.), afinal, na faixa “Não se meta”, Makely já avisa: “eu rimo a torto e a direita”; falsa-técnica palavra-puxa-palavra; estrutura anafórica (eu não sou… / eu não sou…; estou aprendendo… estou aprendendo…); e, principalmente, temas retorcidos: o cotidiano canabalizando a metafísica; a metafísica, em (auto)fagocitose situacionista (em “Equinócio”: “Um átomo dentro da esfera / gera um sistema que gira…”). As melodias trazem um batuque psicodélico, uma espécie de Hendrix executando uma cuíca digital. O resultado é vigorosamente pop-experimental. Pop-linguagem; pop-Prometeu que permuta temperatura de mundos díspares e produz efeitos ímpares, na concepção Duchamp-Warhol-Zappa.” Marcelo Dolabela é poeta, jornalista, pesquisador, escritor e crítico de música, autor do ABZ do Rock Brasileiro e Amonia, entre outros – setembro de 2010
“Autófago é Makely em seu território: poético, elétrico, desafiador e afinado com sua história de transgressões consequentes (…) Mais discussão de liberdade, mais política. A Outra Cidade traz fala do subcomandante Marcos gravada na cidade de Toluca, México, em 2001, abrindo caminho para o mais mais implacável retrato musical que BH já recebeu, com o refrão implacável: ‘E o Arrudas continua cinzento e cheirando mal’.” Kiko Ferreira Jornal Estado de Minas, 19 de junho de 2008
“Makely é autor de versos contundentes, e seu CD Autófago é “apenas o suporte do seu conteúdo, que é o que realmente importa: a música”, esta por sua vez é uma arrebatadora alavanca para algo que importa ainda mais: sua poesia. Há poucos letristas como ele na música pop atual. É ouvir para crer. ” Lauro Garcia Lisboa Jornal O Estado de São Paulo de 20 de novembro de 2008
“Makely Ka foi para mim a maior das surpresas. Porque parece ter, finalmente, encontrado embocadura para o tom nervoso [irônico, ácido] das suas letras. Não é de hoje que o reputo no hall dos principais letristas da sua geração – e não apenas nas Gerais.” Israel do Vale Jornal O Tempo de 02 de janeiro de 2009
“Também poeta, e que tem seu conterrâneo Torquato Neto como principal referência estética, Makely Ka lançou em 2008 o inquietante CD “Autófogo” – nele, através de um filtro neotropicalista, embala sua poesia com uma mistura de ritmos nordestinos e roupagem pop e eletrônica. ” Antônio Carlos Miguel Jornal O Globo de 28 de dezembro de 2008
“O poeta e compositor mineiro Makely Ka é um autêntico outsider(…) dialoga com Leminski, Maiakovski, Torquato Neto, Chacal… mais do que isso, transforma sua verve irônica, sarcástica e combativa em poesia de invenção. Com um texto dotado de uma linguagem anárquica, faz guerrilha contra as mazelas e as mediocridades do cotidiano, sua arma é a palavra.” Sandro Eduardo Saraiva Revista Etcétera #18
“A identidade estilhaçada da cidade deixa emergir novas pluralidades. Por Makely não ser nada especificamente, sua música pode ser tudo, e efetivamente nela, sob a capa do rock e da programação eletrônica, tambores de congada, coco e outros batuques diversos são nitidamente audíveis. A autofagia é como uma segunda fase da antropofagia: a autodeglutição, a segunda digestão, segunda assimilação. O que chegou à cidade formou novas linguagens, e agora estas linguagens tornam a se fundir, gerando uma segunda música urbana, reouvida, reprocessada. A urbe se torna metrópole, e esta megalópole. ” Túlio Villaça Publicado no site Sobre a Canção http://tuliovillaca.wordpress.com em 28 de abril de 2012
Ficha Técnica
Músicos
Makely Ka – voz, violões guitarra
Rafael Azevedo – guitarra
Paulim Sartori – contrabaixo
Alcione Oliveira – percussão
Mateus Oliveira – bateria
Equipe
Rodrigo Marçal – Técnico de Iluminação
André Cabelo – Técnico de Som
Plataformas Digitais:
Spotify: https://open.spotify.com/album/6mFwOo6aFMTPcBw1GR7bZb?