“Esculpindo a solidão no sal”
Renato Negrão em Extravio
O deserto percorre todo o disco, seja em arranjos que evocam a ação contínua dos ventos como em “Seu Avô”, seja na própria temática de canções como “Casa de Areia”, que descreve a ação inexorável do tempo e das forças naturais numa paisagem desolada. A solidão (Sombra, Terra Estrangeira, Extravio, Casa de Areia), a loucura (Canção do Lobisomem, Cego com Cego, Mortal Loucura), os rituais de passagem (Solstício de Inverno, Moçambique) assim como os pequenos prazeres e as belezas mais recônditas (O Pidido, O amor de Dentro, Ímpar ou Ímpar) insurgem com uma força arrebatadora que nos coloca diante do imponderável da vida. Cada nota soa como cristais de areia e sal que atravessaram o atlântico em correntes de ventos marítimos e formaram aqui paisagens sonoras inusitadas.
Por outro lado, consciente de que a influência moura aqui deste lado se fez presente por apropriação e justaposição constante de elementos da cultura árabe com a cultura negra, indígena e européia branca, através de fusões melódicas, rítmicas e instrumentais, o disco não se prende a um estilo ou gênero específico que possa dar ao trabalho o caráter de música árabe ou oriental, por assim dizer. Pelo contrário, o que se dá é um diálogo profundo com a melhor tradição da música brasileira e isso, por si só, explica e justifica seu ecletismo e sua profusão de referências implícitas. O tempero mourisco, por sua vez, surge amalgamando a multiplicidade nos pequenos detalhes, nos intervalos de tons audíveis apenas para os ouvidos treinados, nas escalas nordestinas que pontuam uma e outra melodia, nos silêncios suaves e nas respirações suspensas. Apesar de incontestável, a herança ibérica é sutil, às vezes subliminar, tornando a audição uma verdadeira aventura através do tempo e do espaço sonoro. E não é por acaso que o disco remete ainda aos gregos, a começar pelo próprio nome. Afinal, foram os árabes que re-introduziram a cultura grega na Europa medieval cristã.
O tecido fino dessa Moira interliga conceitos e idéias esquecidos no baú de nossa memória ancestral. O fio da tradição oral se torna por isso um guia imprescindível para nos orientarmos na travessia desse labirinto implacável de sons e sentidos. Não será surpresa tampouco se Cloto fiar essa linha de Ariadne na roca contemporânea que engendra a rede mundial conectada por fibras óticas. Nas mãos das Parcas as tessituras da vida se entrelaçam para determinar nosso destino. Maísa é uma fiandeira de sons e não há como passar imune aos seus sortilégios. A não ser que você tenha cera nos ouvidos!
linda moura, moira.
voz com eira e beira.
comovente, memorial.
me arrastou entre lágrimas pela estampa de tecitura fina e delicada da sonoridade desse disco.
maravilha!
makely, onde encontro a ficha técnica do disco?
quero saber tudo, estou apaixonada, ouvindo pela terceira vez!!!!
purz, makely, foi mal, só copiei as músicas pra outra pasta…. relapsa eu…
maravilha. obrigada!
Esse disco entra na seleta bolsinha.
"Danaide" é o álbum predileto quando corro meus 9km diários na Av. Teresa Cristina. Sou fã do "Astronauta Neandertal". Será que esse álbum também se figurará entre os prediletos? Terão outras faixas que virarei fã? Já estou baixando para conferir! hehe.
Salve Pedro!
Me diga depois o que achou.
Abraços
Oba!!! vou baixar e depois te digo!
Como estamos?
Makely, tento entrar no site e sempre dá link errado. Dá uma olhadinha lá!
Beijus
Makely, eu queria te aproximar de uma pessoa que tem programa em Rádio em São Paulo e divulga novas bandas. Se interessar me manda um e-mail. Beijus
Belissimo trabalho,gostaria de poder adquirir o cd original. Por favor, responda-me através do e-nail hcanutto@yahoo.com.br.
Abraços,
Higino