Sempre ironizei o Makely por ser um marketeiro e por se dedicar aos formulários, processos, protocolos e requerimentos.
Achava que isso prejudicava sua dedicação à poesia e à música. Chega atrasado nos ensaios, falta nas gravações… e, pra mim, romântico e formalista até então, nada disso se justificava.
Agora que já não sou assim tão romântico, muito menos formalista, percebi que a verdadeira poesia não está mais no tempo, nas idéias, nas divagações e devaneios. Nâo está na inspiração do sublime. Nem na sublimação da concretude da realidade.
Hoje processei a TELEMAR, a OI e a ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL. As primeiras por motivos de extorsão. A segunda… também. De meu dinheiro, de meu tempo, de minha calma, de minha paciência, de minha credulidade na humanidade da humanidade.
Hoje escrevi o melhor poema da minha vida. Assinei oito requerimentos para a marcação da primeira audiência e uma procuração dando plenos direitos a um advogado que nem conheço para que me represente no outro processo ao lado de meus amigos músicos.
Só hoje percebi que a verdadeira poesia está, sim, nos processos. formulários, protocolos, requerimentos, petições, e vou recorrer até a última instância de minhas palavras nisso.
A verdadeira poesia é a poesia atuante no mundo.
O mundo hoje é um sistema computacional, burocrático e mercadológico. Só isso.
A verdadeira poesia deve falar a linguagem do mundo.
O mundo hoje só entende a linguagem binária. Os atendimentos telefônicos robotizados. As solicitações virtuais automatizadas. À massificação pseudo-individualizada da carta do banco com seu nome escrito em cima.
Não é possível mais acreditar de verdade, e esperar que alguém no mundo possa realmente escutar sua música, ler sua carta, seu poema, nem mesmo um documento escrito relatando seu problema como um consumidor pacato.
Hoje as pessoas não lêem nada que não esteja formatado em formulários. Com campos de preenchimentos bem pequenos e objetivos. Com “múltiplas escolhas” entre a cruz e a espada. Entre o fogo e a caldeirinha.
Os poetas do futuro serão os programadores computacionais. Serão engenheiros, especialistas em ultrapassar o estágio do pensamento binário das máquinas e construir um sistema triádico. Semiótico. Que produza sentidos e devires de sentidos possíveis.
Só assim a humanidade voltará a ter chances de pelo menos se igualar novamente às máquinas. A essas suas escravas barulhentas que, silenciosamente o escravizaram.
A verdadeira poesia será um vírus produzido por um poeta-hacker pós-doc em engenharia e filosofia. E que passou fome na África. E que morou no Afeganistão. E que entrou para a guerrilha Zapatista no México. E que pilotou um certo avião no dia 11 de setembro de 2001.
Os poetas estão por aí. Cada um com sua especialidade. Este poeta que descrevi acima não existe. Existem muitos outros. Pós-doutores, engenheiros, filósofos, africanos, afegãos, zapatistas, mexicanos, terroristas.
Qualquer fenômeno de justiça hoje é um ato terrorista. E os fenômenos terroristas, quase todos, são atos por justiça.
E a poesia? O que tem a ver com isso?
A poesia é a arma do terrorista e o argumento da justiça. É a forma e o conteúdo das falas.
é a bala e o canudo dos tiros. Makely, Meu amigo marketeiro-advogado-terrorista (ah… claro e relações públicas de si mesmo).
Você é o grande poeta de sua geração. Renato Villaça.
PROTOCOLO 171717171717171717171717171717171717171717171
é a bala e o canudo dos tiros. Makely, Meu amigo marketeiro-advogado-terrorista (ah… claro e relações públicas de si mesmo).
Você é o grande poeta de sua geração. Renato Villaça.
PROTOCOLO 171717171717171717171717171717171717171717171
Concordo em gênero, número e grau.