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Rios, pontes e overdrives

Desde quinta estou em Recife participando do Porto Musical. O evento, na sua terceira edição e desvinculado da Feira Música Brasil – que foi novamente adiada, desta vez para dezembro – é hoje o melhor lugar no Brasil para se encontrar as pessoas mais interessantes e interessadas na exportação da nossa música contra-industrial. Encontrei por aqui, por exemplo, o Gerald Seligman, criador e diretor da WOMEX, o Edu Louzada, do projeto de exportação da música do Espírito Santo, o Benjamin Taubkin, do Mercado Cultural de Salvador e do mundo, o Brant Grulke, diretor do festival South by Southwest, o Pablo Capilé, do Espaço Cubo, o Ivan Ferraro, da Feira da Música de Fortaleza, além de dezenas e dezenas de outros que vem ajudando a confirmar o vaticínio de Tom Jobim: “A saída para a música brasileira é o aeroporto!”

Postado em 20/06/2009 Blog!

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Sobre o autor

Makely Ka (Valença do Piauí, 1975) é um poeta cantor, instrumentista, produtor cultural e compositor brasileiro. Makely é poeta, compositor e agitador cultural. Atuando em diversas áreas como a música, a poesia e o vídeo. Incorpora à sua produção artística um componente crítico e reflexivo. Autodidata, desenvolveu uma poética musical própria, amalgamando elementos da trova e do aboio de herança ibérica às novas linguagens sonoras urbanas como o rap, do despojamento da poesia marginal ao rigor formal da poesia concreta.

(20) respostas

  1. mary
    22/06/2009 de 11:02 · Responder

    rancores à parte, essa terra é cheia de coisa boa, começando por clarice, joão cabral, e o próprio chico e sua nação de homens caranguejo. com ou sem as armas de jorge, ainda hei-de conhecer a cidade dos mangues. dê um oi do tejo ao capibaribe por mim.
    risos

    🙂

  2. Renato Villaça
    23/06/2009 de 14:06 · Responder

    talvez tenha sido, na época em que ainda não existia internet.
    agora não é preciso mais nada que os correios e uma boa conexão para se exportar e importar o que se queira.
    pena que o conceito "autofagia" não se aplique mais para a música brasileira, não é mesmo?

  3. makely
    23/06/2009 de 14:19 · Responder

    Está dado Mary!

    Renato, então vá ao correio exportar sua música e fique experando resposta de frente ao seu computador. Mas espere sentado…

  4. Renato Villaça
    27/06/2009 de 00:23 · Responder

    Quanto à citação do final, de um artista que eu considero um exemplo em todos os sentidos para a música brasileira e para o brasil…

    acho mesmo que você deveria retira-la ocupando o cargo que ocupa, que é o de representante de uma classe localizada em um território geográfico, que tem uma cultura própria e que provavelmente, em sua maioria, não tem planos internacionais. Se esse plano aeciomaníaco realmente der certo, não haverá mais sentido em continuar existindo a cooperativa da música de MINAS.

    sugestão sobre o texto anterior: já tentaram conversar com o sesc daqui? acho que estamos perdendo tempo. daqui a pouco alguns aí, que vc sabe quem são, vão procurar…

  5. makely
    27/06/2009 de 14:02 · Responder

    Renato, ocupando o cargo que ocupo não vejo nenhum problema numa cooperativa de trabalho de profissionais da música do Estado de Minas Gerais prospectar mercados internacionais. Acho na verdade uma ação fundamental para a ampliação e auto-sustentabilidade dessa cena. Foi o que aconteceu com Pernambuco nos anos 90 por exemplo. Acho que o fato de você não viver da sua produção artística cria um certo comodismo, uma resignação. Não podemos nos pautar pelas suas próprias crises existenciais. O sentido de uma entidade é construído no desenvolvimento de suas ações. Se algum dia deixar de fazer sentido, serei o primeiro a acabar com isso. Mas não é o que percebemos agora, com o interesse cada vez maior de músicos e produtores. Inclusive pelo nosso projeto de exportação. Prova disso é um catálogo trilíngue que estamos produzindo e será levado para três feiras internacionais. Temos adesão de dezenas de artistas para esse projeto. Será mesmo que a maioria não tem planos internacionais ou simplesmente nunca pensou no assunto?

    Quanto à política de estado do governo, a grande bandeira é a interiorização, não a internacionalização. Você já tocou no interior? Eu já toquei em várias cidades de Minas, mas não é um circuito que sustente uma carreira autoral.

    Quanto ao sistema S, nós trabalhamos com eles desde 2007. No entanto, o grande parceiro é o SEBRAE, com quem desenvolvemos vários projetos, e não o SESC, que se limita a ações pontuais, como o Minas em Seresta.

    Acho que você precisa parar de encontrar soluções teóricas e colocar a mão na massa. Tenho certeza que você vai mudar algumas muitas de suas concepções acadêmicas arraigadas.

    Abraços

  6. Renato Villaça
    27/06/2009 de 16:09 · Responder

    Ok Makely.

    Desculpe, mas minhas "concepções acadêmicas" realmente me impossibilitam de dividir de forma tão simplista o que você chama de "teoria" e "prática", já que acredito de fato de que a segunda sem a primeira é tentar se inventar a roda do zero todos os dias, ou seja, uma tentativa sem consistência histórica. Assumo desse "problema".

    Quanto aos meus problemas existenciais, acho que talvez se reflitam mesmo em meus textos, mas acho que ísso acontece também com qualquer artista ou intelectual sincero, competente e politicamente consciente. Mesmo assim, os posts e e-mails que tenho mandado publicamente, como neste espaço, sempre foram tentativas de contribuições PRÁTICAS para a cena, como uma série de outras ainda mais PRÁTICAS que já dei até agora, mesmo sem ocupar qualquer tipo de cargo burocrático.

    Mas se isso realmente lhe incomoda, fique tranquilo. De agora em diante me calo e deixo que continuem tentando inventar suas rodas. Jà estou equipando a minha e já já ela estará rodando por aí na prática, mas com uma fundamentação teórica pra lá de consistente.

    Um abraço.

  7. makely
    27/06/2009 de 17:40 · Responder

    Renato, torço de verdade para que você tenha sucesso nos seus empreendimentos mas alerto que com esse tipo de ressentimento que você vem alimentando não se constrói nada.

    Não estou defendendo uma posição maniqueísta entre teoria e prática, você é que deduziu isso por sua própria conta e risco. O que eu defendo é a adequação do discurso à realidade. Esse ajuste é necessário e é diário quando se passa da elucubração teórica à prática cotidiana.

    E eu nunca precisei de cargo nenhum para exercitar esse tipo de atividade, mas não ignoro a importância de uma representação política para estabelecer interlocução com as instâncias devidas.

    Agora, quanto à fundamentação teórica, essa arrogância acadêmica de achar que a única forma de inteligência está dentro das redomas universitárias não tem o menor cabimento atualmente. É um pensamento anacrônico e egoísta.

    Mas você como intelectual sincero, competente e politicamente consciente, eu tenho certeza que não vai cair nessa armadilha dialética da auto-referência.

    Afinal, você também leu Aristóteles, Kant e Adorno. Eu acredito que você tem uma argumentação mais consistente que essa da invenção da roda. Não se subestime!

  8. Renato Villaça
    27/06/2009 de 19:20 · Responder

    não há nenhum tipo de recentimento. aliás, parece haver é no discurso que afirma que o aeroporto é a saída para a música brasileira (mesmo a daclaração do tom, que foi em outro contexto, foi ressentida, temos que reconhecer).

    quanto à autoreferência, não se preocupe. não tenho nenhuma música chamada "meu umbigo", meu disco não se chamará "autófago" e minha dissertação de mestrado não tem o título "ego excêntrico".

    RARARA!!!

    Salve, Aristóteles, Kank, Nietzche e todos os filósofos, desde os mais positivistas aos mais niilistas. Todos eles contribuem para que as pessoas pensem sobre o mundo e sobre si mesmas. Pena que a academia ainda é a principal porta de entrada das pessoas às suas idéias.

  9. makely
    28/06/2009 de 00:00 · Responder

    Renato, não confunda auto-ironia com auto-referência. Você não é tão sisudo a ponto de não perceber a sátira explícita na letra de "Meu Umbigo", o humor implícito no livro "Ego Excêntrico" e principalmente o sarcasmo no disco que você produziu.

    Por outro lado, nunca me considerei intelectual, muito menos sincero, menos ainda consciente.

    Agora eu queria que você me explicasse onde está essa porta da academia aberta às pessoas e suas idéias. Afinal, sempre achei sintomático o fato de um curso tão simbólico para a universidade como o de filosofia, não estudar nenhum pensador de língua portuguesa. Será que o porteiro só fala alemão?

  10. Renato Villaça
    28/06/2009 de 00:26 · Responder

    é realmente triste a falta de interesse dos cursos de filosofia sobre os pensadores brasileiros.

    mas continuo preferindo esse academicismo por excesso de rigor do que o pragmatismo dos gerentes e do pessoal de marketing que vende bíblias anuais e manuais de auto-ajuda e gostam tanto de workshops com coffee breaks para aspirantes a "empreendedores".

    não creio que a originalidade e complexidade do pensamento e da cultura brasileiros estejam mais bem representados no sebrae do que na ufmg.

  11. Renato Villaça
    28/06/2009 de 00:32 · Responder

    como é mesmo aquela tua parceria ótima com o kristoff? "da rua com a academia". se não existessem as duas talvez vocês dois não chegassem a fazer uma canção tão bela, não acha?

  12. makely
    28/06/2009 de 15:01 · Responder

    Renato, a melhor parte da universidade é a biblioteca. E não precisa ter nenhum vínculo para frequentar.

    Quanto ao SEBRAE, o negócio deles é empreendedorismo, exatamente o que precisamos aprender a fazer.

    Seria ótimo se o tripé ensino-pesquisa-extensão tivesse um equilíbrio. Mas já trabalhei em projetos de pesquisa e de extensão e sei a (in)diferença no tratamento que a universidade dispensa à rua!

  13. Renato Villaça
    28/06/2009 de 20:38 · Responder

    não creio que tenha trabalhado de fato em pesquisa e extensão, visto que você nem graduado é (não que isso seja uma crítica. de fato, não é). então talvez tenha caído em alguma roubada por aí como bolsista e ficou traumatizado pro resto da vida.

    acabo de suicidar meu projeto de extensão na instituição na qual leciono, por exemplo, por perceber que extensão não é o que eles se propoem a oferecer aos alunos, à comunidade e ao mec.

    mas isso não significa que pesquisa e extensão sejam, por definição, coisas afastadas da sociedade. se tiver boa memória deve se lembrar que mesmo tendo processado a faculdade que leciono nno semestre anterior, nós fomos na tv institucional dar entrevista sobre contra-indústria e já deu algumas entrevistas para alunos da pesquisa.

    nesse ponto, meu caro, quem acusa o "não fale sobre o que não faz" se inverte.

  14. Renato Villaça
    28/06/2009 de 20:43 · Responder

    entenda, makely.

    o que q comum tem a aprender sobre empreendedorismo com o sebrae eu leciono em meia hora. resume-se numa teoriazinha picareta de marketing dos 4 ps. o resto, se quiser realmente fazer poesia no empreendedorismo, volte a praticar seu próprio discurso punk-anti-acadêmico: "do it yourself".

  15. makely
    30/06/2009 de 04:08 · Responder

    Renato, coordenei um projeto de extensão da UFMG na Casa do Movimento Popular em Contagem. Havia lá um curso pré-vestibular gratuito, uma rádio comunitária, um teatro, uma pequena biblioteca…
    Abandonei o vínculo acadêmico exatamente porque começaram a me exigir relatórios imparciais. A orientação do colegiado era que eu não me envolvesse, mantivesse uma distância estratégica do meu objeto de estudo, mas eu já estava dando aula no pré-vestibular, produzi um evento no teatro, tinha um programa na rádio, comecei a organizar a biblioteca, enfim, o que qualquer um faria na minha situação. Resultado; continuei a trabalhar na Casa mais de um ano após abandonar o projeto de extensão.

    No projeto de pesquisa eu fui bolsista do CNPQ, mas isso era no tempo em que alunos ainda tinham autonomia para desenvolver seus próprios projetos. Hoje a informação que tenho é que os bolsistas são meros assessores dos seus orientadores.

    A propósito, eu nunca abandonei o "faça-você-mesmo". A parceria com o SEBRAE é estratégica pelo valor simbólico agregado, não pelas teorias. Quando você colocar a mão na massa talvez você compreenda a importância das parcerias institucionais. Elas não significam que você vai deixar de fazer por si mesmo. Muito pelo contrário…

  16. oficinadolivro
    30/06/2009 de 11:10 · Responder

    Vocês dois são muito divertidos rsss, beijinhos pra vcs!

  17. Anonymous
    01/07/2009 de 20:10 · Responder

    Makely,
    vc me surpreende.
    Bjos,
    Lelé.

  18. Julliano Mendes
    02/07/2009 de 17:44 · Responder

    Como diria Dona Lourdinha, Vocês nunca combinaram agora é que vão brigar?

    Acho um perigo essa dicotomia academia/vida. Primeiro porque há tantos trabalhos irrelevantes na universidade quanto nos festivais. E segundo porque no caso de vocês há umas fagulhas pessoais que poderiam ser resolvidas com um telefonema de madrugada que é mais barato. Aí vocês transformam um ressentimento em pensamento. Uph!
    Quanto a mim, sigo meu trabalho prático querendo cada vez mais fazer um mestrado para, no fórum mais privilegiado para tal, aprofundar-me nele.
    Aproveitem aê e visitem meu blog de vídeo poema. Na verdade só escrevi neste tópico por fins comerciais! Ops! Abraços!
    www.aparatozerosete.blogspot.com

  19. Renato Villaça
    03/07/2009 de 09:19 · Responder

    Oi Juliano

    Não se assuste com os tiros nas palavras. São apenas o estilo de 2 pais de família picaretas metidos a guerrilheiros.

    Inclusive, aproveito o espaço para pedir novamente o som emprestado ao makely para tocar na festa de comemoração do aniversário do grupo de pesquisa da UFMG. Sábado dia 11. Rola?

    Ah… pelo amor de deus, não me venha com essa história de telefonema de madrugada. Passei alguns anos sendo acordado dessa forma pelo makely e já há algum tempo tenho tido sossego.

    Abraço.

  20. Rafael
    20/07/2009 de 02:56 · Responder

    Não sei porque fico tanto tempo sem entrar aqui.
    Haha.

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