Encerra hoje o prazo para contribuições à Consulta Pública para revisão da atual Lei de Direitos Autorais. Qualquer pessoa pode apresentar propostas de alteração no texto em consulta sugerido pelo Minstério da Cultura. A proposta de mudança na Lei de Direito Autoral é uma reivindicação antiga da classe musical, embora exista claramente uma tentativa de setores da midia e de entidades arrecadadoras de manipular a opinião pública no sentido de fazer crer que os músicos e autores de uma forma geral são contra essa mudança e, mais do que isso, contra a própria consulta
O que não fica claro nas menifestações contra as mudanças na lei é que elas vêm de grupos ligados à gestão dos direitos autorais que se beneficiam do monopólio do ECAD. Chega a ser curioso o fato desses grupos usarem o velho argumento do dirigismo estatal e do autoritarismo. Ora, como é que alguém que preza a democracia republicana pode ser contra uma consulta pública aberta à população?
Na verdade o que acontece é que o Brasil é o único país ocidental que não tem um orgão regulador ligado ao Estado. O ECAD é uma entidade privada e quer manter o monopólio da arrecadação sem nenhum tipo de ficalização. Todos os anos o ECAD divulga um relatório demonstrando recordes de arrecadação e cada vez mais os autores se sentem lesados, pois recebem cada vez menos. Alguma coisa está errada. Não por acaso o orgão é personagem de mais de sete mil ações ma justiça e na CPI do ECAD, promovida pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo em 2009, foram apuradas uma infinidade de irregularidades. Aqui está o relatório final da CPI: http://www.deolhonacapital.com.br/wp-content/uploads/2009/07/cpi-ecad-15-4-2009-sp.pdf
Além do mais a legislação vigente sobre o tema no Brasil é antiga, não dá conta da situação atual com o avanço da tecnologia digital e as novas formas de consumo e fruição de bens culturais possibilitados pela internet como troca de arquivos, streaming, torrent, etc. É necessário rever a lei que hoje transforma adolescentes que baixam música em criminosos enquanto grandes conglomerados como rádios e TVs que tem seu foco na atividade musical não pagam um centavo pela música veiculada.
Em resumo, hoje é a última chance de contribuir com essa mudança através da consulta pública, que pode ser acessada aqui: http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/