Hoje marchei no centro
Parti do Largo da Batata
E fui da Praça Sete à Rio Branco
Subi na contramão a Conde da Boa Vista
Peguei a Campo Grande e cheguei na Azenha
Me concentrei na Praça Tiradentes
Avancei pela Almirante Barroso e quase fui preso
Subi a XV e cortei por dentro, parei o trânsito
Desci a Augusta até a Praça da Estação
Tentei entrar no Palácio dos Bandeirantes
Fui pela transversal na Paralela
Segui pela Marginal e ocupei o Congresso
Enquanto me analisavam seguia em frente
Eu era a multidão empunhando um cartaz
Balas de borracha, bombas, gás lacrimogêneo
Estava elétrico, nem o choque me parava
Andei muitos quilômetros à pé exigindo ônibus de graça
Agora sozinho no meio dessa praça
Já não sei mais onde me encontro
Cerdas e Anastésicos
O céu de Minas amanheceu nublado
vejam Lá-cerdas, gases, tudo calado
doses Anastésicas de silêncio
o Estado de Minas, nem por extenso
registra os milhares nos horizontes,
nas estradas reais, rodovias e pontes
tolo é quem despreza
que engana sem pensar
agora sem choro nem reza
o grito das ruas há de ecoar!
aquele que era recuar
de repente
de tanto apanhar
vira valente!