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Sertão-cerrado

Estou aberto e fechado em sístole e diástole
Deserto e molhado como um cacto vermelho
Coberto e sem telhado como um homem e seu sombreiro
Certo e errado, sigo e arrenego esse sertão-cerrado

Estou avesso e vazado como um besouro escaravelho
No começo e tudo acabado como se tivesse nascido velho
Estou aceso e apagado como luz de candeeiro
Reto ou enviesado, eu brigo e desabrigo esse sertão-cerrado

Estou perto e muito afastado com uma estrela dentro do olho
Desperto mesmo desacordado percebo a força do seu brilho
Alerta meio desligado sou pai e sou filho
Roto e amarrotado, atrás do rastro desse sertão-cerrado

Rasgo vereda no peito montado em cavalo-motor
Risco sei que corro e não serei poupado
Visgo de seda no leito perfumado do amor
Estou ferido e curado, vivo e morro entre sertão-cerrado

Postado em 04/02/2011 Blog!

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Sobre o autor

Makely Ka (Valença do Piauí, 1975) é um poeta cantor, instrumentista, produtor cultural e compositor brasileiro. Makely é poeta, compositor e agitador cultural. Atuando em diversas áreas como a música, a poesia e o vídeo. Incorpora à sua produção artística um componente crítico e reflexivo. Autodidata, desenvolveu uma poética musical própria, amalgamando elementos da trova e do aboio de herança ibérica às novas linguagens sonoras urbanas como o rap, do despojamento da poesia marginal ao rigor formal da poesia concreta.

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