Os programas dos dois candidatos à prefeitura de Belo Horizonte são fracos nesse ponto. O candidato do PMDB sequer apresenta um programa para a área. A palavra cultura entra no tópico “Esporte, turismo e lazer” de forma vaga e nada propositiva, como o programa todo de modo geral. Não há linhas de ação, as propostas são todas no infinitivo com verbos como “criar, proporcionar, investir”, mas não esclarece nada, não diz de onde vão vir os recursos, de que forma vão ser executadas as propostas.
O programa do candidato da coligação PT/PSDB é um pouco mais estruturado, mas não apresenta nada além da continuidade pura e simples de projetos já existentes. O único ponto que acredito ser realmente um avanço é a regulamentação do Conselho Municipal de Cultura, que funciona de forma precária e esporádica e pode fazer diferença na construção de uma política pública para a área. Mas no geral, não há muito o que discutir exatamente porque não há propostas concretas. Esse é um dos motivos – mas nem de longe o único – pelos quais não declaro meu apoio a nenhum dos dois candidatos.
Para efeito de comparação poderíamos considerar o desenrolar desse segundo turno das eleições em São Paulo e no Rio. De longe a situação do eleitor na capital mineira é a mais delicada: estamos entre o ruim e o pior ainda. A arrogante dobradinha empreendida pelo atual prefeito com o governador do Estado tem se mostrado, além de insossa, desastrosa. A irresponsabilidade de ambos visando única e exclusivamente suas futuras candidatura ao governo do estado e à presidência da república respectivamente, acabou por beneficiar um de seus principais opositores, o famigerado e inescrupuloso Ministro das Telecomunicações, mais conhecido como repórter da Globo e principal cabo eleitoral do candidato do PMDB. Não é segredo pra ninguém que o ministro e o prefeito pretendem medir forças na disputa pelo direito de ocupar o Palácio da Liberdade em 2010. Tampouco que o neto do homem cordial tem planos de fazer carreira no Palácio do Planalto.
Como se não bastasse, o acirramento da disputa nas três principais capitais do país, enquanto serviu para levantar importantes discussões de cunho ético e moral no Rio e em São Paulo – do uso de drogas ao homossexualismo – em Belo Horizonte serviu apenas para revelar o despreparo e o provincianismo de ambos os candidatos. É com grande pesar que chego à conclusão de que no próximo domingo me sentiria muito mais confortável se tivesse de depositar meu voto numa urna do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Ironia maior ainda talvez seja imaginar que votar nas próximas eleições dos EUA é que valeria a pena. Ali sim, votaria com a convicção de que poderia estar contribuindo para uma grande mudança. Aqui, vota-se para, na melhor das hipóteses, continuar na mesma, o que não é nenhum alento. Por isso vamos nos preparar para conviver nos próximos quatro anos com esse fedor que vem do Arrudas e impregna toda a cidade, apesar da maquiagem de concreto!
Maka
A política no Brasil é um jogo simples e antigo. não vejo nenhuma tática de inovação. Parece um duelo entre Caudilho x Coronel ou o top da burguesia x senhor feudal, impostos por prestígios aos garfos de ouro e promessas pros garfos de plástico, daquele que dá liga praqueles que não sustentam nada. E tbm não entendo por que depois da ditadura foi imposto a palavra PARTIDO. Isso aí não existe, pelo menos aqui, nestas belas gerais…
A classe média mais uma vez decidiu e colocou Aécio no páreo para 2010.
A aliança dos “fins” que justificam “os meios” quase foi derrotada por um imbecil. Mas os discípulos de Maquiavel sabiam que nada melhor que o medo para manter um povo fiel a seus governantes.
A vocês, eleitores “esclarecidos” que amarelaram no segundo turno por medo do bicho quintão e por não entenderem que nesses tempos votar nulo talvez seja uma arma simbólica muito importante, está aí um poste no governo e um coronel cotado para a presidência.
Espero que saibam o que esperar disso.
Essas eleições foram de doer… Em Contagem também foi um 2° turno entre o ruim que já tá lá e o ruim que já esteve, sem comentários para a “diversidade” de propostas.
Em 2010 tem mais tentativas de voto de cabresto eletrônico e mais ruas sujas com propaganda e nomes em muros e cartazes em postes; tudo para nos representar. Enquanto isso vamos dar as mãos e dançar a Dança do Patinho.
Absoluta razão em seu comentário. Pobre de nós…
ah, pelo menos o coronel faz cooper em ipanema e a maquiagem de concreto é made in niemeyer… haja modernidade!
dia 19/02/2008 vc fez um post sobre o site makingoff.com. hoje ele estah fora do ar. vc sabe o que aconteceu? pq? to desesperado. baixava tudo ali. :~~